Um Alguém Melhor Pra Mim

Olá meninas,

Como sabem, estou com problemas para subir vídeos para o YouTube, e tem um assunto que eu gravei e achei que seria legal dar uma adianta aqui pra vocês enquanto não consigo fazer o upload.

Na verdade não é um assunto sobre moda, beleza ou qualquer outra coisa que eu já tenha abordado aqui no blog, é mais um desabafo que sei que vai ajudar muita gente assim como me ajudou.

Quando era criança, não me lembro de ter problemas com comunicação, pelo contrário, lembro de ser falante. Quando cheguei na fase dos 11 para 12 anos, aconteceram muitas coisas na minha vida, e não sei como, quando ou porque, acabei criando uma barreira comunicativa dentro de mim que, até então, era muito forte e nem eu mesma conseguia destruí-la.
 
Essa idade é aquela em que, geralmente, a pessoa quer começar a se conhecer, a se descobrir, e foi aí que me perdi totalmente. Não digo que uma criança de 12 anos já é adolescente, mas que é ali que ela começa a querer saber, em alguns aspectos, o que a vida tem pra lhe oferecer. Na verdade, eu era bem criança, não estava nem aí pra essa coisa de ser adolescente, de entrar em uma nova fase, muito menos de crescer. Tudo o que eu precisava sempre estava ali, meus pais sempre me protegendo e eu sempre me sentindo a vontade em todas as situações.
 
Sempre estudei em escolas em que já tinha conhecidos, nem cogitava a ideia de ir pra um lugar que só tinha estranhos. Com 11 anos e meio, era hora de ir pra 6° série, atual 7°ano, só que não ia consegui ir pra mesma escola que estava no ano anterior por problemas com transporte, foi aí que as coisas começaram a mudar pra mim. Mudei de escola, mas até que não foi tão ruim assim. As pessoas eram legais, e os professores bem atenciosos, sempre preocupados com a questão da interação. Neste mesmo ano comecei a fazer ballet, descobri uma das grandes paixões da minha vida: a dança.
 
No fim deste mesmo ano, meus pais resolveram que deveríamos mudar de casa, e assim foi feito. Desta vez, troquei de escola (voltei para a antiga), de casa e saí do ballet para fazer natação. Praticamente todos os grupos sociais dos quais eu participava foram tirados de mim, mas ok. Até aí não sentia tanta dificuldade, sempre me adaptei muito bem às coisas, neste caso não foi diferente.
 
Daí pra frente as coisas começaram a ficar meio complicadas. Nessa fase já estava com uns 13 anos, e é justamente nessa idade que as pessoas querem mostrar que podem mais que as outras em todos os quesitos, e sem medir esforços. Eu sempre tentei não levar para casa os problemas que eu tinha na escola. Sempre boa aluna, nunca chegava atrasada ou 'gaseava' aula, tirava notas boas e meus pais nunca foram chamados para reclamações de comportamento.
 
Vocês devem estar se perguntando: se era assim, por que foi tão difícil? Bom, as coisas dentro da sala de aula eram ótimas, já fora dela... Eu sempre fui muito amiga, me doava e tomava as dores dos outros pra mim, procurava resolver problemas que não eram meus, e ainda sou assim, e por isso não entendia o porque daquilo acontecer. Muitas pessoas eram extremamente más comigo, me xingavam e falavam muitas coisas que foram acabando com a minha autoestima e autoconfiança. Confesso que até tentei barrar isso da minha vida, não dar bola, mas foi muito mais forte que eu.
 
A menina que antes era totalmente comunicativa e aberta, acabou se fechando e ficando cada vez mais introspectiva. Minhas amigas sempre estiveram ao meu lado lutando contra isso comigo, mas não foi o suficiente. O que eu nunca entendi é que com elas sempre fui uma adolescente normal, conversava sobre tudo e nunca tive muitas limitações, meus problemas refletiam mesmo quando eu tinha que ler em voz alta para a turma, apresentar trabalhos na frente da sala e até mesmo conhecer gente nova, mas sempre lutei contra isso e nunca deixei de fazer essas coisas. Gente, chegava a suar frio e tremer só pra ler um parágrafo pra sala. Minha voz tremia e eu acabava lendo muito mal, e claro, nem a professora perdoava quando cometia um deslize.
 
Convivi com isso por muito tempo, e sempre com um sorriso de orelha a orelha (literalmente) pra disfarçar, e acho que consegui. Meu pensamento sempre foi de que aquilo estava prestes a acabar, mas sempre vinha algo novo para me impedir de crer que isso iria de fato acontecer. Cada vez que me falavam essas coisas, era como se em troca levassem um pedaço de mim. Parecia que nada do que eu fazia era bom o suficiente para os outros.
 
Demorou um bom tempo até que eu entendesse de verdade o que eu estava fazendo ali com pessoas que não queriam o meu bem, mas consegui. E, acredite, se eu consegui você também consegue. Aprendi que podia fazer muito mais do que me aborrecer com todas as coisas que me falavam, que poderia usá-las a meu favor. A partir do momento que coloquei isso na cabeça, coisas como 'você é muito criança', 'cresce guria', 'ninguém nunca vai gostar de uma pessoa feia como você' e muito mais, passaram a me fortalecer cada vez mais.
 
Não digo que hoje estou 100%, porque acho que ninguém está. Mas a minha mente evoluiu muito em um espaço de tempo quase que minúsculo. Estou contando isso, porque ouvir que outras pessoas passavam pelas mesmas coisas que eu e superaram, me ajudou a ver, nos outros, uma força que eu queria encontrar em mim.
 
Gente, não estou compartilhando para que sintam pena, já passei dessa fase a muito tempo. Só não quero que façam as mesmas coisas que eu fiz, quero ajudar pessoas assim como gostaria que alguém tivesse me ajudado quando passei por essa fase. Não estou dizendo que vou pegar na mão e dizer onde pisar durante o percurso, mas que estarei ao lado de quem precisar, e indicarei o caminho sempre que necessário. Mas, para sair de uma situação como essa, é preciso que primeiro você se dê conta e aceite que a única pessoa que pode te ajudar é você mesmo.
 
Costumava fazer coisas como me olhar no espelho e anotar as partes do meu corpo que eu odiava (no vídeo explico melhor sobre isso), chorava no banho por pensar que ninguém jamais iria gostar de mim do jeito que eu sou porque tomava como verdade as coisas que me diziam, e hoje essas coisas só me fortalecem.
 
Agora costumo parar um pouco antes de dormir e pensar em tudo isso que me fazia tão mal, e vejo que a verdadeira vilã da história sou eu mesma. Fui eu quem deixou as coisas chegarem onde chegaram, eu me deixei ser afetada por opiniões que, na verdade, deveriam entrar por um ouvido e sair pelo outro. Confesso que ainda não me sinto segura quando alguém diz que sou feia, ou que vou ficar sozinha para o resto da vida, mas o efeito que essas coisas provocam hoje, não chegam aos pés de como era antes.
 
Minha proteção sempre foi meu sorriso, e como eu dava risada.. Acho que isso foi o que não deixou que as coisas ficassem pior, e não deixou mesmo. Então, se você passa pela mesma situação que eu passava, ou situações parecidas, recomendo que o primeiro passo é dar risada. Ria de tudo: piadas bobas, amigas engraçadas, mas, principalmente, aprenda a rir de si. Aprenda a ver as suas reais qualidades e defeitos, e ria deles. Ria da sua cara amassada na frente do espelho quando acabar de acordar, do seu corpo que não está nas medidas perfeitas que a sociedade insiste em impor, do seu cabelo que não para no lugar nem por decreto, do delineado que não ficou 100%, da música chata que o vizinho insiste em colocar no volume máximo.. Apenas ria, esse é o acessório mais bonito que você pode colocar para começar a se achar bonita.




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